Lixo, muito lixo
Plástico, papel, vidro, restos de comida,
Detritos
Que o homem usou e descartou
Pilhas e pilhas
Bichos e bichos
Urubus e garças
Na graciosa manhã de outubro
Saciam sua fome no lixo
Que sobrou da mesa do homem.
Numa dança majestosa
Eles sobrevoam o lixo
Aterrisam quando encontram
Alguma coisa, algum nicho.
O que antes já foi luxo
Agora já virou lixo
Muitos homens se aglomeram
Pra tirar do lixo o pão,
Cachorros são companheiros
Na busca e na solidão
As moscas são sua música
Na labuta do dia a dia
Caminhões saem carregados
Do lixo selecionado
Por seres que buscam ali
Construir dignidade
Numa total desigualdade.
Cicera Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário